Rússia tenta voltar com setor espacial, enfraquecido por erros
A Rússia trava uma batalha para reativar seu setor espacial, fonte de orgulho durante o período soviético, que agora acumula fracassos - tais como a perda de um satélite mexicano no sábado, após uma falha no lançamento de um foguete.
"Não temos mais direito de errar", reagiu o vice-primeiro-ministro, Dmitry Rogozin, depois do incidente com o foguete Proton, indicando a necessidade de "mudança construtiva" para o setor.
As falhas no lançamento do foguete Zenit em 2013, Proton em 2014 e 2015, e os problemas com a nave Progress no final de abril têm danificado a reputação da indústria espacial russa na competição global para o lançamento de satélites para o espaço.
O último erro, com a Proton, cujos lançamentos foram suspensos até nova ordem, "é muito lamentável", lamentou Rupert Pearce, CEO dos satélites Inmarsat, uma empresa britânica.
O presidente Vladimir Putin tornou a recuperação do setor uma prioridade, e a Rússia empreendeu uma reforma em sua agência espacial, colocou em andamento um novo tipo de foguete e a começou a criação de um novo cosmódromo.
Essas mudanças chegam, sem dúvida, em um contexto de crise, com importações de peças mais caras e uma redução dos subsídios.
Igor Afanasiev, da revista Space News, afirma que a indústria espacial russa também sofre de "uma falta de pessoal qualificado, engenheiros ou trabalhadores, desde o colapso da década de 1990".
A agência espacial russa, que teve quatro presidentes em menos de cinco anos, está se tornando um grupo empresarial público que será responsável pela orientação científica e sua aplicação industrial, integrando empresas privadas no sector do espaço.
A reforma anunciada em janeiro será apresentada ao Parlamento na terça-feira, e tem como objetivo melhorar a organização da indústria, seguindo uma fórmula que deu frutos com o setor nuclear em 2007, com a criação da Rosatom.
"A ideia é juntar tudo nas mãos de uma pessoa", resume o especialista Sergei Gorbunov, antigo porta-voz da Roscosmos. "É conveniente, mas complicado: há uma série de pessoas e empresas supérfluas, terão de demiti-los ou encontrar novos cargos para eles", acrescenta.
Sinal de uma mudança de filosofia, Putin escolheu uma indústria para liderar a nova agência, Igor Komarov, arquiteto da modernização e recuperação financeira da fabricante de automóveis Lada.
Rogozin falou nesta segunda-feira em "acelerar o ritmo" em direção ao foguete Angara, atualmente em fase de testes, depois que o modelo Proton, cuja primeira versão remonta a década de 1960, registrou duas falhas em menos de um ano.
Angara, o primeiro foguete desenhado na Rússia desde a queda da União Soviética, pode transportar mais de 24 toneladas para o espaço, em sua versão pesada, e usa um modo de propulsão mais limpo, baseado em querosene e oxigênio líquido.
"No futuro, será superior a todos os nossos foguetes, os Proton e os modelos mais leves", diz o especialista Sergei Gorbunov. E uma plataforma de lançamento para cinco configurações "irá poupar enormes quantias de dinheiro".
O programa, que segundo Putin também permitirá melhorar as capacidades de defesa da Rússia, sofreu um revés em junho de 2014, com o cancelamento do primeiro teste de última hora.
A Rússia, que desde a queda da URSS usa o Cosmódromo de Baikonur, no aliado Cazaquistão, já leva três anos construindo sua própria estação espacial em Vostotchny, no leste do país.
O país irá desfrutar de acesso independente ao espaço, disse Afanasiev, comemorando a construção de um "pacto Baikonur moderno (apenas 700 km²) e com uma localização mais rentável Plesetsk", uma base no norte da Rússia, desinteressante para uso comercial porque é muito longe do Equador.
O trabalho tornou-se, no entanto, um quebra-cabeça com várias investigações sobre desvio de verbas e trabalhadores que se queixam de não receber salários, uma situação que forçou Putin a dar um ultimato.
A justiça condenou nesta segunda-feira o ex-chefe da obra a prisão domiciliar.
Gorbunov acredita que a intervenção das autoridades ajudou a acelerar o trabalho, mas considera "improvável" que o primeiro lançamento seja realizado no final do ano, como planejado.
"Não temos mais direito de errar", reagiu o vice-primeiro-ministro, Dmitry Rogozin, depois do incidente com o foguete Proton, indicando a necessidade de "mudança construtiva" para o setor.
As falhas no lançamento do foguete Zenit em 2013, Proton em 2014 e 2015, e os problemas com a nave Progress no final de abril têm danificado a reputação da indústria espacial russa na competição global para o lançamento de satélites para o espaço.
O último erro, com a Proton, cujos lançamentos foram suspensos até nova ordem, "é muito lamentável", lamentou Rupert Pearce, CEO dos satélites Inmarsat, uma empresa britânica.
O presidente Vladimir Putin tornou a recuperação do setor uma prioridade, e a Rússia empreendeu uma reforma em sua agência espacial, colocou em andamento um novo tipo de foguete e a começou a criação de um novo cosmódromo.
Essas mudanças chegam, sem dúvida, em um contexto de crise, com importações de peças mais caras e uma redução dos subsídios.
Igor Afanasiev, da revista Space News, afirma que a indústria espacial russa também sofre de "uma falta de pessoal qualificado, engenheiros ou trabalhadores, desde o colapso da década de 1990".
A agência espacial russa, que teve quatro presidentes em menos de cinco anos, está se tornando um grupo empresarial público que será responsável pela orientação científica e sua aplicação industrial, integrando empresas privadas no sector do espaço.
A reforma anunciada em janeiro será apresentada ao Parlamento na terça-feira, e tem como objetivo melhorar a organização da indústria, seguindo uma fórmula que deu frutos com o setor nuclear em 2007, com a criação da Rosatom.
"A ideia é juntar tudo nas mãos de uma pessoa", resume o especialista Sergei Gorbunov, antigo porta-voz da Roscosmos. "É conveniente, mas complicado: há uma série de pessoas e empresas supérfluas, terão de demiti-los ou encontrar novos cargos para eles", acrescenta.
Sinal de uma mudança de filosofia, Putin escolheu uma indústria para liderar a nova agência, Igor Komarov, arquiteto da modernização e recuperação financeira da fabricante de automóveis Lada.
Rogozin falou nesta segunda-feira em "acelerar o ritmo" em direção ao foguete Angara, atualmente em fase de testes, depois que o modelo Proton, cuja primeira versão remonta a década de 1960, registrou duas falhas em menos de um ano.
Angara, o primeiro foguete desenhado na Rússia desde a queda da União Soviética, pode transportar mais de 24 toneladas para o espaço, em sua versão pesada, e usa um modo de propulsão mais limpo, baseado em querosene e oxigênio líquido.
"No futuro, será superior a todos os nossos foguetes, os Proton e os modelos mais leves", diz o especialista Sergei Gorbunov. E uma plataforma de lançamento para cinco configurações "irá poupar enormes quantias de dinheiro".
O programa, que segundo Putin também permitirá melhorar as capacidades de defesa da Rússia, sofreu um revés em junho de 2014, com o cancelamento do primeiro teste de última hora.
A Rússia, que desde a queda da URSS usa o Cosmódromo de Baikonur, no aliado Cazaquistão, já leva três anos construindo sua própria estação espacial em Vostotchny, no leste do país.
O país irá desfrutar de acesso independente ao espaço, disse Afanasiev, comemorando a construção de um "pacto Baikonur moderno (apenas 700 km²) e com uma localização mais rentável Plesetsk", uma base no norte da Rússia, desinteressante para uso comercial porque é muito longe do Equador.
O trabalho tornou-se, no entanto, um quebra-cabeça com várias investigações sobre desvio de verbas e trabalhadores que se queixam de não receber salários, uma situação que forçou Putin a dar um ultimato.
A justiça condenou nesta segunda-feira o ex-chefe da obra a prisão domiciliar.
Gorbunov acredita que a intervenção das autoridades ajudou a acelerar o trabalho, mas considera "improvável" que o primeiro lançamento seja realizado no final do ano, como planejado.